Segundas opiniões, sem segundas intenções. Será possível?

Recentemente, alguém já postou no facebook: “Se conselho fosse bom, já teriam inventado o Google Advice”.
Mas a grande verdade é que, para quem está no comando de uma organização, nada mais valioso do que um bom conselho para tornar os processos decisórios menos solitários.

Decidir dói: significa escolher um caminho e abandonar outro. No fundo, todos nós desejamos a magia do pensamento infantil, que nos permitia querer duas coisas absolutamente antagônicas ao mesmo tempo, lembra?

Mas não tem jeito: você cresceu, chegou numa posição de destaque na sua organização e todos esperam que você decida, que dê o voto de Minerva, que bata o pênalti, que indique o caminho correto a seguir.

Nessa hora, é  bom ouvir o que as pessoas têm a dizer. Mas que pessoas?

A lógica manda perguntar para quem está vivendo o problema junto com você. Mas se perguntar para o pessoal de dentro da organização, por mais profissional, confiável e bem intencionado que seja, você sempre receberá uma opinião contaminada por influências de agendas pessoais ou por visões demasiadamente focadas.

O diretor de RH sempre apontará que a solução do problema está nas pessoas, o financeiro só enxergará o fluxo de caixa, o comercial privilegiará a carteira de clientes, o industrial apostará nos processos, e assim por diante. Não dá pra ser isento, quando se é pago para ser focado.

Se você perguntar para fornecedores externos, a isenção da recomendação se torna ainda mais questionável. Para a agência de propaganda, a tendência é achar que tudo se resolve com um comercial de 30”. Para a agência digital, anunciar na internet é a única salvação. Para o instituto de pesquisa, a resposta está num amplo estudo qualitativo precedido por algumas discussões em grupo. Enquanto que o especialista em CRM irá sempre recomendar uma análise, depuração e segmentação do banco de dados da empresa. É o que chamamos da síndrome do especialista: quando se é martelo, qualquer problema sempre vira prego!

A solução que algumas empresas têm encontrado para obter opiniões embasadas e isentas é a criação de um corpo de conselheiros, selecionados a partir de executivos e empresários bem sucedidos, atuantes em empresas de outros segmentos de mercado. Profissionais competentes, isentos, envolvidos, mas sem tempo disponível para conhecer a fundo todas as nuances do seu problema, e nem sempre realmente comprometidos com o resultado de suas recomendações.

Acreditamos que o caminho talvez esteja em profissionalizar esses conselheiros, em torná-los mentores contratados. Profissionais que detenham amplo conhecimento de vários mercados, com tempo disponível para se aprofundar e acompanhar você em todos os aspectos da decisão a ser tomada. Profissionais que sejam remunerados, não só pelo tempo que dispendem, mas fundamentalmente pelo acerto das decisões que ajudam você a tomar.

Uma atividade a qual denominamos “mentoring” e que vem crescendo entre as empresas mais bem preparadas do planeta.

Afinal, se no âmbito pessoal estamos habituados a pagar por psicanalistas que nos acompanhem por anos a fio, por que não fazer o mesmo na vida profissional?

Todo mundo precisa de uma opinião experiente, embasada e isenta. Principalmente, quando se tem nas costas a solitária responsabilidade de decidir questões que influirão nas vidas de dezenas, centenas ou milhares de colaboradores.

 

Por Zé Luiz Tavares em Revista HSM Management | Set/Out 2011

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